Esvaziar a mente é impossível; como começar a meditar
E esse não é o objetivo da meditação. Explico o que pouca gente fala a respeito da prática.
Frequentemente, amigos e conhecidos me contam de suas dificuldades com meditação. Uma das principais é a dificuldade de esvaziar a mente. Isso é comum. Muitos de nós acreditamos que esse é o propósito central da prática.
No entanto, essa visão está equivocada, como dizem vários professores de meditação. O objetivo da meditação nunca foi e nunca será parar os pensamentos. Essa ideia pode levar à frustração, pois é impossível eliminar o fluxo de pensamentos. A meditação tem, na verdade, um objetivo muito mais simples e profundo, que envolve a observação dos pensamentos sem que sejamos dominados por histórias, julgamentos e outras reações automáticas.
Observar nossos pensamentos
Se a meditação não serve para esvaziar a mente, então para que serve? A prática permite criar uma certa distância entre nós e nossos pensamentos. Ao invés de nos identificarmos completamente com eles, podemos observá-los, reconhecer suas presenças e, quem sabe, escolher não reagir de maneira automática. Isso é especialmente importante para pessoas que lidam com emoções fortes, como a ansiedade ou compulsões, pois a prática nos ajuda a criar um espaço entre o pensamento e a reação.
Uma metáfora comum é imaginar nossos pensamentos como nuvens passando pelo céu. Eles vêm e vão, e nós apenas os observamos, sem nos envolvermos demais.
Praticar
Uma abordagem interessante para a meditação, muitas vezes ensinada em tradições como o budismo, é a ideia de praticar sem buscar benefícios específicos. Não se trata de meditar para atingir um objetivo imediato, mas de desenvolver uma prática regular simplesmente porque ela faz bem.
Da mesma forma que alguém aprende a tocar um instrumento por prazer, sem a intenção de se tornar um músico profissional, a meditação pode ser uma prática pessoal, sem a pressão de se "melhorar". Claro, no longo prazo, pode haver benefícios, mas eles não devem ser a única motivação.
Pequenos passos
Uma recomendação valiosa para quem está começando a meditar é começar devagar. Não é necessário iniciar com longas sessões de 10 ou 15 minutos. Que tal começar com dois ou três minutos? Assim como em outras práticas, como exercícios físicos, é fundamental dar pequenos passos. Ao iniciar devagar, você evita a pressão de "ter que meditar" e, aos poucos, pode aumentar o tempo da prática conforme se sentir mais confortável.
Essa abordagem gradual ajuda o cérebro a se acostumar com a ideia de que a meditação é algo acessível e possível. Assim, ao invés de transformar a prática em uma fonte de estresse, ela se torna uma parte natural do seu dia a dia.
Meditação e o cotidiano
Para quem está começando, uma dica prática é parear a meditação com outros hábitos já consolidados. Você pode, por exemplo, meditar por cinco minutos logo após escovar os dentes. Ao associar a prática com uma atividade rotineira, a meditação se torna mais fácil de incorporar no seu dia a dia.
Lembre-se: distrair-se um milhão de vezes durante a prática é normal. A meditação não é sobre parar de se distrair, mas sim sobre perceber quando isso acontece e voltar à prática, quantas vezes for necessário. O objetivo é esse: exercitar a capacidade de perceber que nos distraímos e retornar à âncora, seja ela a respiração ou outro foco da meditação.
Se você está com dúvidas sobre meditação ou bem-estar mental, responda a este e-mail ou faça um comentário no post. Vou ter o maior prazer de responder.