Tem dificuldade para meditar? Duas técnicas simples podem te ajudar
E o melhor: sem precisar de aplicativos, livros ou outras ferramentas!
Minha jornada com a meditação
Comecei a meditar em 2013, após ler o livro O Estilo Emocional do Cérebro, do neurocientista Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin-Madison. Fiquei fascinado pelo potencial da meditação em transformar a maneira como lidamos com nossas emoções e pensamentos. Isso é especialmente valioso para uma pessoa que luta contra a ansiedade crônica há décadas. Desde então, experimentei várias abordagens.
Fiz um curso no Palas Athena (recomendo muito para quem está começando!), onde entendi que a meditação é uma ferramenta poderosa para se manter no presente. Mas, como muitos, também enfrento desafios para manter a prática regular.
Aqui estão os principais obstáculos que encontrei:
Aplicativos de meditação podem ser cansativos – No início, eles ajudam, mas depois de um tempo, ouvir os mesmos áudios repetidamente torna a prática robótica, perdendo a profundidade humana.
Nem sempre a técnica certa combina com meu estado mental – Quando estou agitado, técnicas focadas no corpo não funcionam. E em dias de falta de foco, práticas de percepção aberta me frustram.
Falta de comunidade – Meditar sozinho pode ser difícil. A meditação budista, por exemplo, está profundamente conectada a uma visão de mundo, não é apenas um exercício de concentração. Sem um contexto maior, a meditação pode se tornar só mais uma tarefa na nossa lista de afazeres.
Pensando nisso, decidi compartilhar duas técnicas simples de dois professores dos Estados Unidos. Ambos oferecem uma visão mais profunda da meditação, indo além da moda do "McMindfulness", termo que o professor Ron Purser usa para criticar a popularização de técnicas de meditação apenas como meio de “otimizar” as pessoas.
Reverenda angel Kyodo williams: a meditação do ponto
Vinda da tradição zen-budista, a Reverenda angel Kyodo williams é uma líder religiosa engajada com justiça social. Em Oakland, Califórnia, ela usa o budismo e a meditação para nos conectar à realidade, em vez de fugir dela. Para ela, é fundamental compreender o mundo e nosso papel nele, especialmente em termos de opressão e privilégios. Ela defende que tanto oprimidos quanto opressores precisam se conectar aos seus corpos para entender o impacto dessas dinâmicas.
Sua técnica de meditação é incrivelmente simples e acessível. Aqui vai um resumo:
Sente-se confortavelmente, sem permitir que o corpo relaxe a ponto de dormir. Você também pode praticar deitado.
Localize um ponto um centímetro abaixo do umbigo e um centímetro para dentro do corpo. Esse é o ponto central da meditação.
De olhos fechados ou semicerrados, concentre-se nas sensações desse ponto enquanto respira, em como ele se movimenta conforme o ar entra ou sai. Não precisa controlar a respiração.
Sempre que a mente se distrair, gentilmente traga sua atenção de volta ao ponto dizendo mentalmente: “Isso não é ponto”. Repita o processo sempre que necessário.
Essa prática simples nos ajuda a conectar corpo e mente de maneira suave, mas direta. Ela dispensa fones de ouvido, apps ou qualquer tecnologia.
O objetivo é, segundo a Reverenda, criar uma conexão profunda com o corpo e, por consequência, com nossos estados mentais.
Se quiser experimentar com a orientação da própria reverenda, veja o vídeo que compartilho abaixo.
Alexis Santos: a atenção plena em qualquer momento
Alexis Santos, morador de Portland, Oregon, é um especialista em transformar qualquer ação cotidiana em meditação. Seu trabalho no aplicativo Happier inclui meditações para fazer andando, lavando louça, escovando os dentes, ou até dirigindo!
Ele aprendeu com o mestre Sayadaw U Tejaniya que não precisamos de um estado mental específico para meditar. A meditação não purifica nem acalma a mente; ela nos ajuda a entrar em contato com o que estamos sentindo no momento.
Alexis nos mostra que a atenção plena pode estar em qualquer ato diário, desde que nos perguntemos: "Estou prestando atenção?"
Por exemplo, imagine que você está caminhando. Em vez de meditar da maneira tradicional (de olhos fechados, concentrando-se na respiração), Alexis sugere focar nas sensações corporais:
Concentre-se nos pés e nas pernas enquanto caminha.
Perceba as sensações no contato dos pés com o solo, o movimento dos músculos, a textura das meias e do calçado. Mantenha essa atenção o quanto puder.
Quando sua mente se distrair, pergunte-se: "Estou prestando atenção?" Se a resposta for não, apenas traga sua atenção de volta aos pés.
Essa abordagem pode ser aplicada a qualquer situação: lavar louça, escovar os dentes ou simplesmente andar. A meditação está em prestar atenção ao que estamos fazendo, aqui e agora.
Quem gostou e quer saber mais pode ouvir essa entrevista fantástica que o Alexis Santos deu ao
há alguns anos. Gostei tanto desse papo que tenho anotações a respeito do que foi dito.Meditação não é milagre, é prática
Antes de terminar, vale lembrar: para ambos os professores, perder o foco é parte do processo. Não há problema em se distrair ou não "ser bom" em meditação. O importante é a prática.
Somos levados a acreditar que a meditação resolverá nossos problemas — ansiedade, depressão, falta de propósito. E embora possa nos ajudar, ela sozinha não faz milagres. O que essas técnicas nos ensinam é que meditar é apenas uma peça no quebra-cabeça da vida, uma prática que nos ajuda a viver melhor conosco, com os outros e com o mundo ao nosso redor.
E você? Já tentou meditar? Que tal experimentar uma dessas técnicas? Se o fizer, compartilhe sua experiência comigo — vou adorar saber como foi!
Conhece alguém que está tentando meditar e pode gostar deste texto? Que tal compartilhar o link usando o botão abaixo?
Estou querendo muito começar a meditar. Já tentei apps, vídeos do YouTube mas não consigo manter uma rotina. Vou testar essas que você sugeriu!